sexta-feira, 16 de março de 2012

sabes como sou, prefiro escrever a falar e tenho quase tudo para te dizer.
primeiro, como sempre, ou quase sempre, eramos dois desconhecidos.
tu eras feliz sem mim, eu era feliz sem ti.
não existiamos, um para o outro e os rios continuavam a correr para o mar.
um dia sorriste para mim, disseste que devíamos sair mais, falar mais.
eu segui o teu conselho, deixei que me conhecesses, que ficasses ao meu lado por mais tempo.
descobrimos que conseguiamos falar de tudo, sem dramas, passando de assunto para assunto com a mesma naturalidade com se seguem as estações.
um dia sentaste-te ao meu lado, cantaste-me o refrão de uma música que fazia sentido e eu quis beijar-te.
não podia, eramos tudo um para o outro sem sermos absolutamente nada um ao outro.
continuaste a dizer-me "bom dia" e "boa noite", continuaste a ler-me poetas, a cantar-me músicas, a partilhar os teus dias comigo.
eu ia-me apaixonando por cada um dos teus cantinhos, até por aqueles que ainda não conhecia.
eramos mesmo completos e a nossa amizade parecia demasiado próxima para se chamar só de amizade.
eras um poeta, eu era uma louca. eramos felizes juntos.
um dia fomos ver o rio de outra cidade á espera quennos unisse, e uniu.
beijaste-me pela primeira vez no jardim mais alto da cidade, debaixo da maior sombra, da maior árvore, guardei isto como a minha melhor memória.
deste-me a mão tantas vezes.
conseguias ler-me o pensamento.
discutias comigo e irritava-me tanto e mesmo assim não conseguia deixar de gostar de ti.
um dia o sol pos-se e tu foste embora, porque para ti fazia mais sentido assim.
desde que altura é que eu deixei de fazer sentido?

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