terça-feira, 17 de abril de 2012

elogio fúnebre

a minha cama esta coberta pelos meus pensamentos.
penso mais quando a lua se ergue no céu escuro.
tu já não fazes parte da minha vida.
mas eu, triste e descompensada, continuo a viver-te.

hoje cansei-me.
cansei-me de ti.
da tua imagem.
da tuas memórias.
dos meus pensamentos.

hoje vou escrever-te o último texto.
vou chamar-lhe elogio fúnebre.
parece-te bem?

NÃO!
nunca nada te parece bem.
tudo o que faço te parece mal.
sou errada.
sou contrafeita.
vendida nos chineses em caixas que cheiram a mofo.
uma boneca partida.
uma folha rasgada.

e tu quando me deixas viver?
quando me deixas respirar?
amar?

quando é que posso esquecer-te?


quando é que morres? por favor morre, morre rápido e longe.

não te odeio.
só te amo.
mas morre.
vivo és inútil e feliz, por isso morre.

morto eu podia recordar-te comigo.
só comigo.
passado sem futuro.
morre.

já te consigo imaginar.
deitadinho no caixão.
as pessoas a chorar.
a lembrar como eras boa pessoa.
como vais fazer falta á tua mãe.
ele parado num canto a chorar.

eu choro também.
se quiseres choro, mas morre.
até choro a tua morte, e depois sou feliz.

se morreres, eu posso começar a viver outra vez.
só há vida para além da tua morte.


podes morrer hoje por favor? obrigada.

1 comentário: