segunda-feira, 2 de abril de 2012

o amor em guerra

sou o fruto das tuas mentiras, sem saber, acabei mesmo por ser todas as tuas mentiras.
eu sou um
a mentira.
ou uma realidade inventada, como preferires.
chamaste-me amor, por não conheceres outra palavra que te parecesse ideal para me chamares.
estavas a chamar-me amor, porque não querias ter de lembrar-te do meu nome, nunca o proferiste.
mas o teu amor, o amor, eu, afinal era mentira.
eu existia, sem existir.
respirava, sem respirar.
e caí por cair.

não me deste a mão quando cai.
o amor caíu  e partiu-se em mil pedaços.
transformou-se em nada, numa cruel palavra vazia.
não olhaste mais para o fundo dos meus olhos á procura dos teus.
nunca mais me beijaste o rosto com a lentidão que o amor te impunha.
nunca mais olhaste para o meu peito enquanto subia e descia cada vez que inspirava e expirava.

nasci dos teus lábios.
quando pronunciavas "meu amor" era o mesmo que a tua alma gritar "vai-te embora".
era o teu amor um, porque tinha o dois, três o quatro e cinco.
não te faltavam amores teus, eras cheio de amor, sem amor por ninguém.

chama-me Eva, tenta chamar-me Eva.
não consegues?
é a impureza dos teus pensamentos quando tocas no meu nome que surge?
é a tua loucura?
a tua embriaguez de almas perdidas há procura das três letras do meu nome,
can
sa-me.

não sabes quem sou.
sou o teu amor.
um amor q
ualquer.
o amor normal.
"ó amor chega-me o jornal..."
"ó amor tira as cuecas..."
"ó amor já lavaste a louça"
 odeio ser o teu amor.
nunca mais me chamas amor.
sou a Eva.
a Eva.

e não te amo.
não fiques aí pasmado porque também não me amas.
"amor não sejas assim"
vai-te foder.
"Eva, chega, chega... acabou".
pois é, fodeu-se o amor, o amorzinho, o nojento do 'mor.

chama-me Eva.
todos os homens me chamam Eva.
e eu quero morrer por ter tantos homens a gemerem o meu nome.
Eva
Eva
É um baralho de cartas da insanidade mental.
És matéria humana em putrefacção.

Por favor.
Poupa-me.

"Mas eu amo-te meu amor, eu amo-te."
"Pois, mas amas a Eva?"

Ninguém entende.
Tu não entendes.
És fraco.
És um jardim seco e bolorento.
És um pacote aberto de bolachas á meses.
És a esfregona no canto da cozinha.

Eu sou a Eva e não gosto de ti, meu amor.

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